sexta-feira, 4 de setembro de 2009

OS ALBORES DAS IDÉIAS GEOMÓRFICAS MODERNAS II

Hutton e Playfair. James Hutton (1726–1797) nasceu em Edimburgo, Escócia, e foi educado como médico, mas interessou-se pelas ciências, especialmente a química e a geologia. Talvez seja mais famoso pelo papel que desempenhou como dirigente de um grupo conhecido como os Plutonistas, o qual sustentava que o granito era de origem ígnea, em contraposição à escola Werneriana, conhecida como os Netunistas, que acreditava que o granito era um precipitado químico. Também reconheceu a evidência do metamorfismo das rochas, mas sua contribuição maior consistiu em expor o conceito de que “o presente é chave do passado”, estabelecendo assim a doutrina do uniformitarismo em oposição à do catastrofismo. As idéias de Hutton foram apresentadas pela primeira vez no trabalho lido perante a Real Sociedade de Edimburgo em 1785, o qual apareceu, três anos mais tarde, no volume I dos Transactions desta Sociedade, com o título Teoria da Terra, ou uma Investigação das Leis Observáveis na Composição, Dissolução e Restauração do Terreno Sobre o Globo. Em 1795, suas idéias apareceram em forma mais ampla em um livro de dois volumes intitulado Teoria da Terra, com Provas e Ilustrações. Esta edição foi de tiragem limitada e cara. Possivelmente as idéias de Hutton teriam sido perdidas ou demorado muito a serem aceitas, não fosse por que seu amigo John Playfair (1748–1819), professor de matemática e filosofia em Edimburgo, depois do insucesso de Hutton publicou, em 1802, sua Ilustrações da Teoria Huttoniana da Terra onde elaborou e ampliou os princípios de Hutton em forma de prosa científica, poucas vezes igualada pela sua clareza e beleza de expressão. Este livro era também menor e mais barato que o de Hutton e, por conseguinte, mais amplamente lido. Nele, Playfair apresentou as idéias e conclusão de Hutton tão claramente que seu efeito foi enorme, particularmente sobre Charles Lyell, quem posteriormente seria o grande representante do uniformitarismo.

Hutton projetou tanto no passado como no futuro os resultados dos processos que observou em ação. Ficou impressionado com a evidência do desgaste do terreno por processo mecânico e químicos. Outros, antes de Hutton, haviam observado isto, mas não captaram as inferências que foram contempladas por Hutton, com a exceção possível de Desmarest. O conceito de um sistema de rios e seu significado geomórfico jamais foi expresso com tanta beleza como por Playfair quando manifestou:

Todo rio parece estar composto de um tronco principal, alimentado por uma variedade de ramais, cada um dos quais flui por um vale proporcional a seu tamanho, e todos em conjunto constituem um sistema de vales comunicantes entre si e tendo um ajuste tão delicado de seus declives, que nenhum deles se junta com o vale principal, nem a um nível muito alto ou muito baixo, circunstância que seria infinitamente improvável se cada um destes vales não fosse o resultado do trabalho do rio que corre nele.

Se, na realidade, um rio constar de um só canal sem tributários, fluindo por um vale reto, se poderia supor que alguma perturbação, alguma torrente poderosa, haveria aberto todo o canal mediante o qual suas águas são conduzidas ao oceano, mas, quando se considera a forma usual de um rio, o tronco dividido em muitos ramos que se levantam a grande distância um do outro, e estes novamente divididos em uma infinidade de ramificações menores, impressiona-se na mente que todos estes canais tenham sido lentamente escavados pela enxurrada e erosão do terreno; e que é mediante ligeiros e repetidos toques do mesmo instrumento que este curioso agregado de linhas foi gravado tão profundamente sobre a superfície do globo.

Os conceitos básicos de nossas idéias modernas sobre o modelado terrestre são encontradas na teoria de Hutton. Hutton reconheceu, além da erosão fluvial, a marinha, mas prestou mais atenção ao desenvolvimento dos vales pelos rios. Como a maioria dos profetas, Hutton estava adiantado em relação à sua época. Transcorreram três quartos de século até que um grupo de geólogos norte-americanos que trabalhava no oeste dos Estados Unidos proporcionasse argumentos sem réplica. Playfair, apoiado em seus conhecimentos dos trabalhos de De Saussure, proclamou a capacidade dos glaciares de erosionar seus vales tão profundamente, e parece ter sido o primeiro a sugerir uma amplitude muito maior e anterior dos glaciares alpinos na Suíça, ainda que não reconhecesse os efeitos da glaciação na Escócia.

OS ALBORES DAS IDÉIAS GEOMÓRFICAS MODERNAS

Durante os muitos séculos que se seguiram ao declínio do Império Romano, houve pouco ou nada de pensamento científico na Europa. O saber que sobreviveu foi conservado principalmente nos mosteiros, mas não era ciência natural. Na Arábia houve também uma sobrevivência da ciência, e aí encontramos expressadas certas idéias que têm sabor moderno. Avicena (Ibn-Sina, 980-1037) sustentava opiniões sobre a origem das montanhas, dividindo-as em duas classes: as produzidas por “elevação do terreno, tal como se sucede com os terremotos” e a que resultam “dos efeitos da água corrente e do vento ao escavar vales em rochas brandas”. Por conseguinte, expressou o conceito de montanhas resultantes da erosão diferencial. A idéia de erosão lenta durante largos períodos também era sustentada por ele. Tais idéias têm uma marca decididamente moderna, mas não causaram nenhuma impressão no pensamento da Europa Ocidental, se é que foram conhecidas ali. Como Fenneman(1939) assinalou, tão pouco progresso se realizou na Europa desde os dias do primeiro século depois de Cristo até o começo do século dezesseis, que é pouco o que se pode dizer. Na realidade, pode-se perguntar se o ligeiro progresso realizado pelos antigos na explicação das características superficiais da Terra teve alguma influência sobre o surgimento eventual de uma ciência da formas do relevo. O que os antigos haviam pensado foi em sua maior parte perdido, e as idéias geológicas tiveram que se desenvolver de novo.

Durante os séculos quinze, dezesseis e dezessete, as formas da crosta terrestre eram explicadas principalmente pelos termos do catastrofismo, filosofia prevalecente desde então, de acordo com a qual as características da Terra eram criadas especialmente ou eram o resultado de cataclismos violentos que produziam mudanças repentinas e marcadas na superfície da Terra. Entretanto a idade da Terra era medida em uns pouco milhões de anos, não havia muita probabilidade de adjudicar importância a processos geológicos tão lentos que pouco ou nenhuma mudança se podia notar durante o tempo de uma vida.

Predecessores de Hutton. O conceito de um terreno que se desgasta, em contraste com a permanência constante da paisagem, como foi visualizado pelos pensadores antigos tinha a idéia da destruição do terreno por processos erosivos, mas os tempos não estavam maduros para levar a idéia a uma conclusão lógica. O espaço não permite uma discussão detalhada do desenvolvimento amplo e lento do pensamento geológico que finalmente serviu de fundamento ao pai das idéias geomórficas modernas, James Hutton, mas serão mencionados uns poucos homens que indicaram o caminho.

Leonardo Da Vinci (1452 – 1519) pode ser considerado como uns dos primeiros representantes do período formativo no pensamento geológico moderno. Reconheceu que os vales eram elaborados por rios e que estes carreavam materiais de uma parte da Terra e os depositavam em outra.

Nicolas Steno (1638 – 1687), dinamarquês que viveu grande parte de sua vida na Itália, também reconheceu que a água corrente provavelmente fora o agente principal no modelado da superfície terrestre.

O francês Buffon (1707 – 1788) reconheceu a potente capacidade erosiva dos rios para destruir o terreno e pensou que eventualmente o terreno seria reduzido ao nível do mar. Foi um dos primeiros a sugerir que a idade da Terra não deveria ser medida em termos de uns poucos milhões de anos, e apontou que os seis dias da Criação na narração bíblica não eram dias no sentido comum da palavra. No entanto , foi obrigado a retratar-se desta idéias heréticas.

O italiano Targiono-Torzetti (1712 – 1786) foi outro que reconheceu a evidência da erosão fluvial. Também sustentava a idéia de que os cursos irregulares dos rios estavam relacionados com as diferenças da rochas nas quais elaboram seus leitos, e assim reconheceu o princípio da erosão diferencial em relação com os materiais e estruturas geológicas variáveis.

O francês Guetthard (1715 – 1786) foi um geólogo no sentido mais amplo da palavra, embora os termos geologia e geólogo todavia não fossem usados. Examinou a degradação das montanhas pelos rios e percebeu que nem todo o material carreado pelos cursos d’água era levado imediatamente para o mar, mas que uma parte considerável entrava na construção das planícies aluviais acreditava que o mar era um destruidor do terreno ainda mais potente que os rios; para apoiar sua tese citou a destruição rápida dos alcantilados calcários do norte da França por meio do mar. Compreendeu os princípios fundamentais da denudação, mas desafortundamente, sua idéias estavam enterradas em numerosos volumes de escritos pesados. Guetthard é lembrado principalmente pelo seu reconhecimento da origem vulcânica de numerosos cones ou “puys” do distrito de Auvernia no centro da França.

Desmarest (1725 – 1815), outro francês, merece mais reconhecimento do geralmente lhe é concedido. Por meio de um raciocínio sólido e citando exemplos específicos, propugnou a idéia de que os vales da França central eram produtos dos cursos d’água que os ocupam. Aparentemente foi o primeiro a tentar delinear o desenvolvimento da paisagem através de sucessivas etapas de evolução.

O suíço De Saussure (1740 – 1799), o primeiro a empregar os termos geologia e geólogo no sentido atual, foi o primeiro grande investigador dos Alpes. Impressionado com o poder dos cursos d’água de modelar as montanhas, sustentou que os vales eram produzidos pelos rios que fluem por eles. Também reconheceu a capacidade dos glaciares para efetuar trabalho erosivo. Ainda que nem sempre tenha interpretado corretamente as coisas que viu, acumulou uma grande quantidade de informações, a qual Hutton recorreu posteriormente ao desenvolver a doutrina do uniformitarismo.

Estes três homens, Guetthard, Desmarest e De Saussure, às vezes considerados como integrante da escola francesa mais que quaisquer outros, mostraram o caminho a Hutton, que reconheceu gratamente suas ajudas. Nos Estados Unidos da América estes homens não lograram o reconhecimento que merecem, principalmente por que os geógrafos e geomorfólogos norte-americanos não foram contaminados pela moléstia de ler a literatura geológica francesa.

AS BASES DA GEOMORFOLOGIA

Neste e nos próximos posts estarão a "tradução" do primeiro capítulo do livro THORNBURY, W.D. Principios de Geomorfología. 2. ed. Buenos Aires, Editorial Kapelusz,1966. p. 1-15. Boa leitura.

O CAMPO DA GEOMORFOLOGIA

Definições – Se definirmos a Geomorfologia sobre a base das três raízes gregas das quais se derivou a palavra, significaria “ descrição das formas terrestres”. Geralmente, se considera que ela é “a ciência das formas terrestres”, e assim será entendida, embora estendamos o conceito para incluir as formas submarinas. Segundo foi definido por Worcester (1939), é uma descrição e interpretação das características do relevo terrestre. Assim definida, seu sentido é consideravelmente mais amplo que como ciência das formas do relevo, já que podemos incluir dentro de sua esfera uma discussão da origem das formas terrestres maiores, tais como bacias oceânicas e plataformas continentais, assim como também de entidades estruturais menores, tais como montanhas, planícies e mesetas. As bacias oceânicas e as plataformas continentais são feições do relevo, mas parece que sua interpretação deve-se à Geologia Dinâmica e Estrutural. Nos interessaremos principalmente pelas formas menores desenvolvidas sobre estas características maiores do relevo.

A adoção do termo Geomorfologia para o estudo das formas do relevo se produz como conseqüência do descontentamento com o termo fisiografia, anteriormente aplicado a esta matéria. Fisiografia, particularmente como é empregado na Europa, inclui em grau considerável a climatologia, a meteorologia, a oceanografia e a geografia matemática. Se bem que continuar com a prática de restringir a fisiografia à discussão das formas do terreno, antes comum nos Estados Unidos da América, parecia preferível contar com uma denominação para este ramo da Geologia, que pelo menos reduza a confusão quanto a seu campo de estudo.

Geomorfologia é sobretudo Geologia, apesar do fato de que algo de Geomorfologia se ensina tanto na Europa como nos Estados Unidos como parte da Geografia Física. Na maioria dos cursos de Geografia, as formas do relevo são tratadas de forma mais ou menos incidental, como uma parte da descrição do ambiente físico do homem, mas, no geral ressalta-se a adaptação do homem às formas do terreno e seu aproveitamento por ele, em vez da descrição das formas terrestres em si.

HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DAS IDÉIAS GEOMÓRFICAS

Conveniência de uma base histórica – Os estudiosos sérios devem interessar-se pelo desenvolvimento do pensamento científico e pelos homens que contribuíram para o seu avanço. Considerar a história antiga como carente de valor para a apreciação do pensamento atual é, na realidade, uma falta de perspicácia. Estabelecer laços históricos é de utilidade inquestionável para o estudante, pois lhe permite introduzir-se no método científico (lógica indutiva). Pelo menos três benefícios distintos resultam de sua familiarização com o crescimento do pensamento geomórfico. O estudante adquire uma perspectiva melhor da qual pode apreciar o pensamento do presente. O fato de que a matéria não é estática lhe impressiona e, por conseguinte, mantém sua mente aberta a novas idéias. Além disso, percebe que a maioria das idéias que hoje em dia aceitamos como evidentes por si mesmas encontraram resistências quando foram propostas pela primeira vez e foram aceitas como corretas lentamente e de má vontade, e que possivelmente algumas das novas idéias que hoje desdenhamos possam finalmente resistir ao embate do tempo.

Idéias dos antigos

Já que as formas do relevo são os fenômenos geológicos de maior amplitude, a especulação referente a sua origem se sucede desde o tempo dos filósofos antigos. No entanto, não foi até que se admitiu que “o presente é a chave do passado” que o estudo dos processos geomórficos chegou a adquirir grande significação. Isto não se sucedeu até o começo do século XIX, e somente nas últimas décadas desse século se compreendeu a evolução sistemática das formas do terreno. Ainda que a separação da Geomorfologia como um subciência distinta aconteceu mais tarde, muitas de suas idéias básicas tiveram uma origem recente.

Uma discussão do desenvolvimento das idéias geomórficas bem pode começar com os filósofos gregos e romanos. O espaço não permitirá um desenvolvimento detalhado de suas idéias, mas daremos uma noção bastante correta delas se considerarmos brevemente os pontos de vista de quatro pessoas: Heródoto, Aristóteles, Estrabão e Sêneca.

Heródoto (485? – 425 a.C.), conhecido como o “pai da História”, também é lembrado por algumas de suas observações geológicas. Reconheceu a importância dos incrementos anuais de silte e argila depositados pelo rio Nilo, e a ele se referiu na frase “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Acreditou que os terremotos foram os responsáveis pela separação das montanhas e que tal fenômeno se constituiria numa expressão da ira dos deuses. Observou conchas nas montanhas do Egito, e sobre a base de sua experiência deduziu que em algum tempo o mar deveria ter se estendido sobre o baixo Egito, antecipando até certo ponto a idéia de mudança do nível do mar, um assunto de grande importância geomórfica.

Aristóteles (384-322 a.C.) refletiu em seus escritos o pensamento de sua época. Suas idéias referentes a origem dos mananciais são interessantes. Acreditava ele que as águas que fluíam dos mananciais compunham-se de: a) parte das águas pluviais que se infiltraram; b) água que se havia formado dentro da Terra por condensação do ar que havia penetrado na mesma; e c) água que havia se condensado de vapores de origem incerta dentro da Terra. Todas estas águas eram contidas pelas montanhas, como se estas fossem grandes esponjas. Desde então o termo rio era aplicado unicamente a águas correntes alimentadas por mananciais. Aristóteles acreditava que a precipitação podia produzir uma torrente transitória, mas duvidava que a mesma pudesse manter a corrente do rio. Incidentalmente, digamos que a explicação verdadeira sobre as águas dos mananciais e o caudal dos rios mantido por longo tempo depois dos períodos de precipitação não foi dada até que, em 1563 e 1580, Bernardo Palissy deduziu, e em 1674 Pedro Perrault demonstrou a suficiência das chuvas para mantê-lo. Aristóteles acreditou que por sua origem os terremotos e os vulcões estavam estreitamente relacionados, e atribuiu os primeiros aos efeitos da mistura de ar úmido e seco dentro da Terra. Junto com outros, Aristóteles reconheceu que o mar cobria setores que anteriormente haviam sido terra firme e também a probabilidade de reaparecer terra onde então havia mar. Aludiu ao desaparecimento subterrâneo dos rios (hoje o denominaríamos correntes subterrâneas ou insumidas). A Grécia é um país com muito calcário e mármore, onde são comuns os aspectos produzidos ao serem dissolvidos pelas águas subterrâneas). Reconheceu que os rios retiravam material da terra e o depositava como aluvião, e citou exemplos da região do Mar Negro onde em 60 anos o aluvião havia se acumulado tão rapidamente que tornou-se necessário o uso de barcos de menor calado.

Estrabão (54 a.C. – 25 d.C.), que viajou muito e observou detidamente, notou exemplos de afundamento e ascensão local da terra firme. Considerou o Vale de Tempe como resultado de terremotos juntamente com a atividade vulcânica, todavia eram atribuídos à força de ventos do interior da Terra. Da natureza da cúspide do Vesúvio inferiu, corretamente, que era de origem vulcânica, ainda que não estivesse ativo durante sua vida. Também reconheceu a importância da aluvião fluvial e pensou que o delta de um rio variava de tamanho de acordo com a natureza da região drenada pelo dito curso d’água, e que os deltas maiores se encontram onde as regiões drenadas são amplas e a rochas superficiais são frágeis. Observou que o crescimento até o mar de alguns deltas é retardado pelo fluxo e refluxo das marés.

Senêca (?a.C. – 65 d.C.) reconheceu o caráter local dos terremotos, mas continuou com a crença de que eram o efeito da luta interna de ventos subterrâneos. Mesmo assim sustentava a idéia de que as precipitações eram suficientes para explicar os rios e ainda reconheceu o poder destes para desgastar seus vales. Assim, embora o conceito de que os rios elaboram os seus vales foi em certo sentido introduzido, as múltiplas derivações deste fato não foram percebidas até muitos séculos depois. Os antigos parecem haver se dado conta de que há uma relação genérica entre os terremotos e as deformações da crosta terrestre, embora tenham confundido causa e efeito e pensaram que os terremotos causam deformações.