sexta-feira, 24 de agosto de 2012

REVISTAS E BOLETINS ELETRÔNICOS DE GEOGRAFIA



Prezados alunos/leitores:
Estou divulgando esta relação de publicações disponibilizada na Lista de Geografia (http://groups.yahoo.com/group/listageografia/messages), tal como estava, inclusive preservando o nome do autor. Espero que esta lista possa ajudar alguém.
Obrigado pelo seu esforço, Fernando.
"Segue abaixo, um levantamento realizado por mim, na tentativa de enumerar todas as revistas e boletins de Geografia e Ciências Humanas, do Brasil e do mundo, eletrônicas e impressas, para conhecimento. Percebi que muitas têm ISSN ou ISBN. Caso tenha algumas revista não contemplada nesta lista, favor socializar com os demais."
Ambiente & Sociedade (Unicamp) - http://www.scielo.br/asoc/
Ateliê Geográfico (UFG) - http://www.revistas.ufg.br/index.php/atelie
Akrópolis - Revista de Ciências Humanas da UNIPAR - http://revistas.unipar.br/akropolis
Boletim de Geografia (UEM/Maringá) - http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/BolGeogr
Boletim Geográfico (IBGE) - http://biblioteca.ibge.gov.br/
Boletim Goiano de Geografia (UFG) - http://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg
Boletim Paulista de Geografia (AGB São Paulo) - http://www.agbsaopaulo.org.br/node/156
Caminhos de Geografia (UFU) - http://www.caminhosdegeografia.ig.ufu.br/
Campo e Território Revista de Geografia Agrária (UFU) - http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio
Campo e Território - Revista de Geografia Agrária (UFU) - http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio
Espaço & Cultura (UERJ) - http://www.nepec.com.br/revista.htm
Estudos Geográficos: Revista Eletrônica de Geografia (UNESP) - http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/estgeo
Geo Paisagem (UFF) - http://www.feth.ggf.br/Revista.htm
Geografias (UFMG) - http://www.igc.ufmg.br/geografias
Geografia e Pesquisa (UNESP/Ourinhos) - http://www.ourinhos.unesp.br/seer/index.php/geografiaepesquisa
GEOPUC (PUC-Rio) - http://geopuc.geo.puc-rio.br/
Observatorium (UFU) - http://www.observatorium.ig.ufu.br/
Geografia, Ensino e Pesquisa (UFSM) - http://cascavel.ufsm.br/revistageografia/
Geografia; Ensino e Pesquisa UFSM Universidade Federal de Santa Maria - http://cascavel.ufsm.br/revistageografia/index.php/revistageografia
Geoingá (UEM /MARINGÁ – PR) - http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Geoinga
RA'EGA O espaço geográfico em análise (UFPR) - http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/raega/
Redes/Revista do Desenvolvimento Regional (UNISC) - http://online.unisc.br/seer/index.php/redes
Revista Brasileira de Cartografia (UFRJ) - http://www.rbc.ufrj.br/rbc.htm
Revista Brasileira de Ciências do Solo - http://www.sbcs.org.br/solos/visao/texto.php?tipo=4
Revista Brasileira de Estudos de População (ABEP) - http://www.abep.org.br/usuario/GerenciaNavegacao.php?caderno_id=031&nivel=1
Revista Brasileira de Recursos Hídricos (RBRH) - http://www.abrh.org.br/revistas/rbrh.asp
Revista de Climatologia e Estudos da Paisagem/CLIMEP (UNESP) - http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/climatologia
Revista Brasileira de Geografia (IBGE) - http://biblioteca.ibge.gov.br/
Revista Brasileira de Geografia Física (UFPE) - http://www.ufpe.br/rbgfe/index.php/revista/index
Revista Brasileira de Geomorfologia (UGB) - http://www.ugb.org.br/final/normal/main_template.php?pg=15
Revista de Estudos Ambientais (FURB) - http://proxy.furb.br/ojs/index.php/rea/index
Revista Espaço Plural (UNIOESTE Marechal Candido Rondon PR) - http://e-revista.unioeste.br/index.php/espacoplural
Revista Geoambiente – (Jutaí UFG) - http://revistas.jatai.ufg.br/index.php/geoambiente
Revista Geográfica e Acadêmica http://www.rga.ggf.br/index.php?journal=rga
Revista Geografia Acadêmica (UFG/Goiânia) - http://www.rga.ggf.br/index.php?journal=rga
Revista do Departamento de Geografia - RDG (USP) - http://citrus.uspnet.usp.br/rdg/ojs/index.php/rdg/
Revista Gestão de Águas da América Latina (ABRH) - http://www.abrh.org.br/rega/rega.asp
Revista Hygeia (Federal de Uberlândia) - http://www.seer.ufu.br/index.php/hygeia
Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero (UEPG/Paraná) - http://www.revistas2.uepg.br/index.php/rlagg
Revista Percurso (UEM/Maringá) - http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Percurso
Revista Perspectiva Geográfica (UNIOESTE PR) - http://e-revista.unioeste.br/index.php/pgeografica
Revista Pretexto (FUMEC/FACE) - http://www.fumec.br/revistas/index.php/pretexto
Sociedade & Natureza (UFU/Uberlândia) http://www.seer.ufu.br/index.php/sociedadenatureza
Terrae Didatica (Unicamp) - http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/

Mundo

Antipode (França) - http://www.antipode-online.net/
Confins (França-Brasil) – http://confins.revues.org/
Finisterra (Portugal) - http://www.ceg.ul.pt/finisterra/
Hérodote (França) - http://www.herodote.org/
Scripta Nova (Espanha) - http://www.ub.es/geocrit/menu.htm
GEO CRÍTICA. Cuadernos Críticos de Geografia HUMANA - http://www.ub.edu/geocrit/cienbil.htm
Revista Electronica de Geografia y Ciencias Sociales (Barcelona) - http://www.ub.edu/geocrit/nova.htm
Revista Geográfica Venezolana (Universidad de los Andes) - http://www.saber.ula.ve/regeoven/
Finisterra – Revista Portuguesa de Geografia (Portugal) - http://www.ceg.ul.pt/finisterra/


Atenciosamente,
 
Fernando de Souza Nunes
Pós-Graduação em Dinâmica Territorial e 
Socioambiental do Espaço Baiano - UEFS
Licenciado em Geografia - UNEB XI

domingo, 24 de junho de 2012

Nitendo Wii vira quadro-negro digital, touch screen e 3D


Johnny Lee demonstra suas interessantes alterações do Wii Remote, que transformam o controle de videogame de $40 num quadro-negro digital, uma tela sensível ao toque e um visor 3D acoplado à cabeça.

terça-feira, 17 de abril de 2012

SOLOS DO MARANHÃO - MAPA E NOTAS

Após uma longo ausencia, retorno para colocar à disposição dos meus leitores um mapa raro de encontrar na web. Para não ficar desacompanhado, segue algumas notas tomadas da minha tese.
A principal referencia sobre os solos maranhenses, em escala regional, e do mapa acima é : JACOMINE, P.K.T. et al. Levantamento exploratório-reconhecimento de solos do Estado do Maranhão. Rio de Janeiro, Embrapa-SNLCS/SUDENE-DRN, 1986
Os solos representam a base de numerosas atividades humanas. O geólogo o entende como rocha decomposta e indicador de processos geológicos passados; o agrônomo o vê como sustentáculo da vida; para o engenheiro civil interessa o seu comportamento mecânico e hidráulico. O pedólogo vê o solo como corpos naturais, portadores de vida microbiana e resultante de complexos processos realizados na interface litosfera-atmosfera-biosfera, num certo período de tempo e em certas condições topográficas (OLIVEIRA e BRITO[1], 1998; LEPSCH[2], 2002). Para o geógrafo, o conhecimento de sua origem e dinâmica ambiental é significativo para determinar potencialidades e fragilidades no uso e ocupação de um território.

Considerando a grande extensão territorial do Maranhão e observando o mapa de solos do Brasil é possível perceber o quanto é significativa a variedade de solos desse Estado. Por sua posição geográfica, predominam solos tropicais. Pelo predomínio de rochas sedimentares, são grandes as extensões cobertas por latossolos, argissolos e neossolos, entre outros.
Considerando esta diversidade pedológica, optou-se por apresentar na tabela a seguir somente os solos de maior abrangência espacial, correspondendo a mais de 95% da área do estado. A descrição desses grandes grupos segue a recomendação de Embrapa[1] (2006)

Tabela 1 – Tipos de Solos mais representativos do Maranhão

TIPO DE SOLO
ÁREA (Km²)
ÁREA (%)
Latossolos – L
116.541,5
34,96
Argissolos – Ag
87.541,80
26,26
Plintossolos – PT
50.638,30
15,19
Neossolos– R
45.037,70
13,51
Gleissolos – G
7.367,40
2,21
Solos indiscriminados de mangue – SM
7.167,40
2,15
Terra Roxa Estruturada – TR
4.600,40
1,38
Total
318.894,50
95,66

Fonte: Adaptado de IMESC – Perfil Econômico do Maranhão 2006-2007.

Os latossolos e suas variações (amarelos, vermelho-amarelos, vermelho-escuros e roxo) caracterizam-se por sua grande profundidade, resultante de longo processo evolutivo e pela baixa fertilidade natural. São normalmente solos ácidos, de boa drenagem, permeáveis, exceto quando apresentam textura muito argilosa. São solos típicos de regiões equatoriais e tropicais e são normalmente encontrados em áreas de relevos plano e suave ondulado. São comuns na bacia do Tocantins, na parte centro sul, até Barra do Corda e na bacia do Itapecuru.

Os Argissolos, antigos Podzólicos vermelho-amarelos e vermelho-escuros, são solos com elevado teor de argila nos horizontes mais profundos. São bem estruturados, com profundidades variáveis e cores avermelhadas e amareladas. A textura varia de arenosa a argilosa, com presença de caulinita. A maior concentração desse grupo de solos está ao norte do Estado, na região do médio Mearim, e no vale do Itapecuru, ao sul de Caxias.

Plintossolos são solos normalmente ácidos e mal drenados, característicos de clima tropical com estações secas e chuvosas bem marcadas e de área s de relevo plano, como várzeas e terraços fluviais. A formação da plintita, com sua característica cor vermelha ou amarela e grãos mais ou menos arredondados, resulta da variação no nível da umidade do horizonte plintico. Surgem às margens dos rios do leste e da Baixada maranhense.

Neossolos é a denominação mais recente para o grupamento de solos pouco evoluídos, sem horizonte B diagnóstico definido. Reúne diversos solos “jovens” como os Litólicos (Neossolo Litólico), os Aluviais (Neossolo Flúvico), os Regossolos (Neossolo Regolítico) e as Areias Quartzosas (Neossolo Quartzarênico). São considerados solos jovens porque estão em via de formação, graças ao material que lhes deu origem, como um afloramento de rochas, ou pela reduzida atuação da pedogênese. Os Neossolos Litólicos são rasos e pedregosos e surgem largamente no sul e sudeste do Estado. As areias quartzosas ou Neossolos Quartzarênicos e aparecem na porção nordeste do Maranhão, na região do Delta do Parnaíba e nas áreas vizinhas às dunas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Os aluviais ou Neossolos Flúvicos são derivados de sedimentos aluviais e dominam grandes extensões de vales, principalmente o do rio Mearim.

Gleissolos são solos hidromórficos, mal a muito mal drenados, sendo encontrados em áreas periódica ou permanentemente saturadas com água. São bastante desgastados e fortemente ácidos. Apresentam profundidade variável, dependendo da saturação do solo com relação ao relevo. São comumente encontrados em fundos de vales, na região do Gurupi e na Baixada maranhense.



[1] EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006.

[1] OLIVEIRA, A.M.S e BRITO, S.N.A. de. (ed.). Geologia de engenharia. São Paulo: ABGE,1998
[2] LEPSCH, I.F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

As Frentes de Ocupação do Espaço Maranhense*


A primeira tentativa de ocupação do espaço maranhense deu-se quando o Brasil foi dividido em Capitanias Hereditárias por obra de D. João III. Dividido em duas capitanias, a região do Maranhão é entregue a Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade, em 1535. Não há registros desse primeiro esforço de povoamento.

Em 1594 os franceses adentraram o território na zona do Golfão Maranhense, seguindo a mesma lógica econômica e políticas dos portugueses, baseada no povoamento periférico do território. É provável que o objetivo primeiro dos franceses com esta ocupação fosse a exploração da madeira e o estabelecimento de um posto avançado em direção ao mundo amazônico.

Os franceses haviam sido expulsos do Rio de Janeiro, onde tentaram fundar a colônia denominada de França Antártica. Um pouco mais tarde, em 1612, e com a chegada de reforços, eles fundam a cidade São Luís, além de construir fortes, iniciando uma nova colônia, agora denominada de França Equinocial. Meireles (2008: 45) descreve que “cuidaram então os franceses de, iniciando a catequese do silvícola, consolidar sua amizade, explorando os ressentimentos dos portugueses que, conquistando o Brasil, os haviam forçado a emigrar do sul; ao mesmo tempo faziam o reconhecimento da terra”.

A cobiça francesa por esta região decorreu da ausência portuguesa nesta parte do imenso litoral brasileiro, da existência de bons portos naturais e da proximidade destes com a Europa. Além disso, nesta época, Portugal encontrava-se incorporado pela Espanha à União Ibérica (1580-1640). Após diversas escaramuças, como a célebre batalha de Guaxenduba, os portugueses conseguem expulsar os franceses em 1615, estabelecendo-se definitivamente no território, principalmente após a criação, por ato régio, do Estado Colonial do Maranhão em 1618. Em seguida os portugueses iniciaram o processo de ocupação das terras do sertão, seguindo o curso dos grandes rios maranhenses, como o Itapecuru.

Reina, entre historiadores maranhenses, grande discórdia quanto ao sucesso da empreitada francesa. Para alguns ela foi superestimada, no início do século passado, como forma de proporcionar à decadente capital ludovicense uma aura aristocrática (LACRO[i]IX[ii], 2002; SOUSA[iii], 2007). Os defensores dessa corrente apontam a arquitetura e a azulejaria portuguesas, que existem em São Luís, como provas de que esta era uma cidade de origem portuguesa. Outra controvérsia refere-se à Guaxenduba, batalha vencida pelos portugueses, apesar de sua inferioridade bélica e de contingente. Atribuir tal feito a um milagre da Virgem Maria não convenceu os historiadores.

A ocupação das terras maranhenses, entretanto, prossegue conturbada. Em 1641 os holandeses ocupam a cidade de São Luís de onde serão expulsos três anos mais tarde. A partir daí torna-se um ponto de apoio dos portugueses à exploração da Amazônia e ao povoamento do Norte do país. As dificuldades eram tantas que em 1621 é instituída a divisão do Brasil em duas grandes porções: o Estado do Maranhão e Grão-Pará e o Estado do Brasil. O Estado do Maranhão compreendia desde o Ceará até o Amazonas (FURTADO, 1986; TROVÃO[iv], 2010). Em 1682 é criada a Companhia Geral de Comércio do Maranhão, sediada em Belém, com o objetivo de fomentar a atividade econômica de exportação no norte do Brasil. Estas medidas, apesar de parciais, consolidam a posse do território e auxiliam a implantação de uma tímida economia de exportação. Entretanto, os privilégios de comércio cedidos a essa empresa, a cobiça e a má administração dos seus gestores geram insatisfações na população de colonos, que culminam com a Revolta de Bequimão, de consequências muito sérias, segundo Prado Junior[v] (1983). A revolta, sufocada em 1684, é liderada por Manuel Bequimão, proprietário do maior engenho açucareiro do Maranhão, situado no vale do Mearim.

Furtado[vi] (1986) explica que as dificuldades dos colonos maranhenses eram muitas: solos inadequados para a cultura da cana-de-açúcar, isolamento e colonização tardia em relação ao restante do Brasil, além da desorganização administrativa e econômica num mercado já bastante concorrido como o do açúcar e do fumo. E as dificuldades prosseguem porque “em toda a segunda metade do século XVII e a primeira do seguinte, os colonos do chamado Estado do Maranhão lutaram tenazmente para sobreviver” (FURTADO, 1986:67). A economia regride para subsistência e para a caça ao índio. Neste processo de interiorização, “os colonos foram conhecendo melhor a floresta e descobrindo suas potencialidades” (op. cit.:67).

Em meados do século XVIII a economia colonial do Brasil dividiu-se em três sistemas ou centros econômicos – “a faixa açucareira, a região mineira e o Maranhão (...). Dos três sistemas principais, o único que conheceu uma efetiva prosperidade no último quartel do século foi o Maranhão” (FURTADO, 1986:90). Com o auxílio do Marquês de Pombal é criada a Companhia Geral de Comércio do Maranhão e Grão-Pará (1755), que estimulará o cultivo do algodão. A cotonicultura subindo as margens do Itapecuru cobrirá principalmente a região de Caxias, trazendo consigo grande contingente de mão-de-obra africana, levando Prado Junior (1983:82) a afirmar que o algodão “apesar de branco, tornará preto o Maranhão”. Prado Junior (op. cit) afirma também que é no Maranhão que o progresso da cotonicultura é mais expressivo e interessante porque esta região, até então a mais pobre da colônia, superaria todas as demais em riqueza nesta época.

Trovão e Feitosa (2006) e Trovão (2008[vii]) advogam a ideia de que o território maranhense foi efetivamente ocupado a partir de três frentes de povoamento, com origens e épocas diferentes: a corrente do litoral, a da pecuária ou dos criadores de gado e dos migrantes da seca.

Originando-se em São Luís, a capital, essa frente segue em direção ao interior do estado pelos vales dos rios Itapecuru, Mearim e Grajaú, chegando até o município de Caxias, no leste do estado. A introdução das culturas da cana-de-açúcar e do arroz e a instalação de diversos engenhos açucareiros, como o de Manuel Bequimão, situado no vale do Mearim, marcam essa primeira etapa de povoamento do território maranhense.

Duas outras ramificações acompanharam o litoral: a do oeste, em direção à foz do Gurupi, instalou áreas de produção agrícola e gerou cidades como Cururupu e Alcântara. A ramificação do leste estimulou o desenvolvimento da pecuária, a exploração de salinas e a comunicação com outras províncias como Ceará e Pernambuco.

A segunda frente de ocupação do estado foi denominada de “pastoril”, ou dos criadores de gado. Ocorreu mais de um século depois da primeira. A separação entre a atividade açucareira e a pecuária na Zona da Mata estimulou o povoamento dos sertões nordestinos. Oriundos da Bahia e de Pernambuco, os vaqueiros sobem o rio São Francisco, atravessam os rios piauienses Gurguéia e Piauí e vão instalar-se na Região de Pastos Bons, iniciando a ocupação e o povoamento rarefeito do sul do Maranhão no século XVIII. Avançando um pouco mais, o gado ocupará o cerrado do centro sul do estado, chegando até a região de floresta equatorial, na atual microrregião de Imperatriz. Uma segunda frente pecuarista, oriunda do Ceará e Pernambuco, só conseguiu alcançar o baixo curso dos grandes rios maranhenses, criando um vazio demográfico entre uma corrente e outra.

Feitosa e Trovão (2006) e Trovão (2008), fazem referência a uma terceira frente denominada de “frente de expansão agrícola” por uns e/ou “corrente de fugitivos da seca” por outros. Originária do sertão nordestino, no início do século XX, esta frente acessa o território maranhense por três pontos: o porto de Tutóia, ou seja, por via marítima; por Teresina e Floriano, cidades dotadas de pontes sobre o rio Parnaíba. Trovão (2008) considera que os motivos que trouxeram os migrantes do leste para o oeste são de caráter repulsivo quando se trata do fenômeno periódico das secas ou de caráter atrativo quando são considerados fatores tais como: a disponibilidade de terras devolutas, maior e melhor distribuição das chuvas, solos de boa fertilidade e a disponibilidade dos recursos florestais.

Além dos fatores naturais, deve-se considerar também a expressiva força de atração exercida pelos incentivos governamentais da SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, que estimulou o povoamento dessa região. Expressivos são igualmente os incentivos proporcionados pelo Estado do Maranhão, que no governo de José Sarney (1966 – 1970) criou a COMARCO – Companhia Maranhense de Colonização. Esta empresa, apoiada em instrumentos legais, como a Lei de Terras, e de uma generosa política de incentivos fiscais, possibilitou a aquisição de vastas extensões de terras por preços simbólicos por parte de grandes grupos empresariais do país, como a Volkswagen e a Sharp.

Os conflitos de terras entre os pioneiros-posseiros e os empresários-pecuaristas tornarão essa região uma das mais violentas do país, fomentando um ciclo interminável de grilagem de terras. O vale do rio Pindaré, a partir dessas iniciativas, foi ocupado definitivamente, tornando-se uma frente de avanço da agricultura em moldes tradicionais, pela pré-Amazônia maranhense.

A respeito da ocupação do espaço agrário maranhense, muito já foi dito e ainda será. Como ponto de partida, recomenda-se a leitura das obras de dois geógrafos: Trovão[viii] (1989) trata da colonização do vale do Pindaré e Canedo[ix] (1993), num texto mais abrangente e fluido, avança até os anos de 1980.

A partir de 1980, o Maranhão inicia um processo de industrialização apoiado no setor metalúrgico e na exploração do grande projeto de Carajás, cujo minério é levado pela estrada de ferro que liga Carajás ao Porto de Itaqui em São Luis. Apoiada em incentivos, a Alcoa, uma das grandes empresas mundiais do alumínio, instala-se na ilha para se beneficiar da bauxita oriunda do vale do rio Trombetas, no Pará.

Nos últimos anos tem sido divulgada a proposta de transformar Bacabeira, uma pequena cidade próxima à ilha de São Luís, em polo siderúrgico e a possibilidade de instalação de uma refinaria de petróleo nas mesmas imediações. A escolha de cidades próximas à capital decorre da pressão da sociedade por respeito às questões ambientais, em decorrência dos impactos causados pela metalurgia do alumínio do Complexo Alcoa/Alumar que continua em expansão.

 *Este texto não foi revisado.



[i] [ii] LACROIX , M. de L.L.A Fundação Francesa de São Luís e seus mitos. 2. ed. rev. e ampliada. São Luís: Lithograf, 2002.
[iii] SOUSA, J.U.P. “Os estilhaços”: debate intelectual sobre a fundação francesa de São Luís do Maranhão. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, vol. 04, 2007, p. 111-134.
[iv] TROVÃO, J.R. Evolução político-administrativa do Estado do Maranhão. São Luís: IMESC, 2010.
[v] PRADO JUNIOR, C. História econômica do Brasil. 28.ed. São Paulo: Brasiliense, 1983.
[vi] FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. 21.ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1986.
[vii]  TROVÃO, J.R. O processo de ocupação do território maranhense. São Luís: IMESC, 2008. (Cadernos IMESC, 5)
[viii] TROVÃO, J.R. Ilha latifundiária na Amazônia Maranhense; estudo da expansão da fronteira agrícola no médio vale do Pindaré: o caso de Santa Inês. São Luis:UFMA/PPPG, 1989.
[ix] CANEDO, E. V. da S. O. de. Organização do espaço agrário maranhense até os anos 80: a distribuição da terra e atividades agrícolas. São Luís/MA: Ed. da autora 1993