terça-feira, 17 de abril de 2012

SOLOS DO MARANHÃO - MAPA E NOTAS

Após uma longo ausencia, retorno para colocar à disposição dos meus leitores um mapa raro de encontrar na web. Para não ficar desacompanhado, segue algumas notas tomadas da minha tese.
A principal referencia sobre os solos maranhenses, em escala regional, e do mapa acima é : JACOMINE, P.K.T. et al. Levantamento exploratório-reconhecimento de solos do Estado do Maranhão. Rio de Janeiro, Embrapa-SNLCS/SUDENE-DRN, 1986
Os solos representam a base de numerosas atividades humanas. O geólogo o entende como rocha decomposta e indicador de processos geológicos passados; o agrônomo o vê como sustentáculo da vida; para o engenheiro civil interessa o seu comportamento mecânico e hidráulico. O pedólogo vê o solo como corpos naturais, portadores de vida microbiana e resultante de complexos processos realizados na interface litosfera-atmosfera-biosfera, num certo período de tempo e em certas condições topográficas (OLIVEIRA e BRITO[1], 1998; LEPSCH[2], 2002). Para o geógrafo, o conhecimento de sua origem e dinâmica ambiental é significativo para determinar potencialidades e fragilidades no uso e ocupação de um território.

Considerando a grande extensão territorial do Maranhão e observando o mapa de solos do Brasil é possível perceber o quanto é significativa a variedade de solos desse Estado. Por sua posição geográfica, predominam solos tropicais. Pelo predomínio de rochas sedimentares, são grandes as extensões cobertas por latossolos, argissolos e neossolos, entre outros.
Considerando esta diversidade pedológica, optou-se por apresentar na tabela a seguir somente os solos de maior abrangência espacial, correspondendo a mais de 95% da área do estado. A descrição desses grandes grupos segue a recomendação de Embrapa[1] (2006)

Tabela 1 – Tipos de Solos mais representativos do Maranhão

TIPO DE SOLO
ÁREA (Km²)
ÁREA (%)
Latossolos – L
116.541,5
34,96
Argissolos – Ag
87.541,80
26,26
Plintossolos – PT
50.638,30
15,19
Neossolos– R
45.037,70
13,51
Gleissolos – G
7.367,40
2,21
Solos indiscriminados de mangue – SM
7.167,40
2,15
Terra Roxa Estruturada – TR
4.600,40
1,38
Total
318.894,50
95,66

Fonte: Adaptado de IMESC – Perfil Econômico do Maranhão 2006-2007.

Os latossolos e suas variações (amarelos, vermelho-amarelos, vermelho-escuros e roxo) caracterizam-se por sua grande profundidade, resultante de longo processo evolutivo e pela baixa fertilidade natural. São normalmente solos ácidos, de boa drenagem, permeáveis, exceto quando apresentam textura muito argilosa. São solos típicos de regiões equatoriais e tropicais e são normalmente encontrados em áreas de relevos plano e suave ondulado. São comuns na bacia do Tocantins, na parte centro sul, até Barra do Corda e na bacia do Itapecuru.

Os Argissolos, antigos Podzólicos vermelho-amarelos e vermelho-escuros, são solos com elevado teor de argila nos horizontes mais profundos. São bem estruturados, com profundidades variáveis e cores avermelhadas e amareladas. A textura varia de arenosa a argilosa, com presença de caulinita. A maior concentração desse grupo de solos está ao norte do Estado, na região do médio Mearim, e no vale do Itapecuru, ao sul de Caxias.

Plintossolos são solos normalmente ácidos e mal drenados, característicos de clima tropical com estações secas e chuvosas bem marcadas e de área s de relevo plano, como várzeas e terraços fluviais. A formação da plintita, com sua característica cor vermelha ou amarela e grãos mais ou menos arredondados, resulta da variação no nível da umidade do horizonte plintico. Surgem às margens dos rios do leste e da Baixada maranhense.

Neossolos é a denominação mais recente para o grupamento de solos pouco evoluídos, sem horizonte B diagnóstico definido. Reúne diversos solos “jovens” como os Litólicos (Neossolo Litólico), os Aluviais (Neossolo Flúvico), os Regossolos (Neossolo Regolítico) e as Areias Quartzosas (Neossolo Quartzarênico). São considerados solos jovens porque estão em via de formação, graças ao material que lhes deu origem, como um afloramento de rochas, ou pela reduzida atuação da pedogênese. Os Neossolos Litólicos são rasos e pedregosos e surgem largamente no sul e sudeste do Estado. As areias quartzosas ou Neossolos Quartzarênicos e aparecem na porção nordeste do Maranhão, na região do Delta do Parnaíba e nas áreas vizinhas às dunas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Os aluviais ou Neossolos Flúvicos são derivados de sedimentos aluviais e dominam grandes extensões de vales, principalmente o do rio Mearim.

Gleissolos são solos hidromórficos, mal a muito mal drenados, sendo encontrados em áreas periódica ou permanentemente saturadas com água. São bastante desgastados e fortemente ácidos. Apresentam profundidade variável, dependendo da saturação do solo com relação ao relevo. São comumente encontrados em fundos de vales, na região do Gurupi e na Baixada maranhense.



[1] EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006.

[1] OLIVEIRA, A.M.S e BRITO, S.N.A. de. (ed.). Geologia de engenharia. São Paulo: ABGE,1998
[2] LEPSCH, I.F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002.